segunda-feira, novembro 22, 2004

"Skull Ring" de Iggy Pop por Adolfo L. Canibal

Como gostei da crítica (o disco não deve tardar nas minhas mãos), não quis deixar de colocar esta opinião do Tio Adolfo, para deixar no ar a curiosidade deste disco de Iggy Pop, que sempre fez bons trabalhos e neste não deve desiludir ninguém. Cá vai...

"Skull Ring" de Iggy Pop por Adolfo Luxúria Canibal

"Skull Ring" ficará certamente na história como o álbum em que Iggy Pop volta a encontrar os Stooges. Se bem que esse encontro tenha tudo menos um sentido nostálgico.

O disco abre com "Little Electric Chair" que, dos 4 temas assinados a meias com os meliantes malditos de Detroit, aqui reduzidos aos irmãos Asheton depois da morte de Dave Alexander, é o único que se pode aproximar das descargas eléctricas viscerais e debochadas do final dos anos 60.

Os outros 3 têm energia, sim, ironia, bastante, mas nada a que Iggy não nos tenha já habituado no seu trabalho a solo.
No entanto, "Skull Ring" é bem mais do que o reencontro dos Stooges.

Funciona antes como mosaico de várias tendências, como encruzilhada de diferentes sensibilidades, aqui reunidas pela mão e pela personalidade incontornável do Iguana.

E a coisa acaba até por soar incrivelmente homogénea, apesar da disparidade de registos que acontece quando se convocam nomes tão desiguais como, para além do dos Stooges, o dos neo-punks norte-americanos Green Day, o da electro-clash canadiana Peaches ou o dos inqualificáveis Sum 41.

E é precisamente da única parceria com estes últimos que resulta a única nódoa do álbum, "Little know it all", um rock pastilha elástica onde até a própria voz de Iggy soa irreconhecível.

Senão, à parte "Rock Show", tema nitidamente do universo de Peaches, e "Supermarket", onde o Punk mais pós-Ramones dos Green Day se faz sentir, Iggy Pop soube transformar os restantes 14 temas, independentemente de quem o acompanha, em material seu e, mais importante ainda, assina o seu melhor disco desde há muitos anos.

Os grandes momentos do álbum vão para os títulos "Motor Inn", um interessante exercício minimalista com Peaches e Gonzales, "Little Electric Chair", o incendiário single com os Stooges, "Private Hell", com os Green Day, marcado pelo inesquecível vibrato da guitarra de Billie Joe Armstrong, e "Perverts In The Sun" e "Nervous Exhaustion", este como faixa escondida, duas descargas furiosas com os seus habituais companheiros The Trolls, onde pontificam os irmãos Kirst na guitarra e no baixo.

Mas a jóia da coroa é essa interpretação despojada, em solo absoluto, de "Til wrong feels right", canção tomada ao repertório do bluesman Mississioi Fred McDowell.

Só isso, se mais não houvesse, seria suficiente para tornar o disco obrigatório...

1 Comments:

Blogger Billy said...

Se o Tio Adolfo disse, tá dito!!!

10:34 da manhã  

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