terça-feira, junho 09, 2009

Revolta “Ninguém Manda Em Ti” – review

Já está disponível nas lojas de discos o novíssimo álbum dos Revolta, intitulado “Ninguém Manda Em Ti”, tema que já meteu muita gente aos pulos, especialmente nos concertos ao vivo da banda.

Formados em finais de 2006, preferiram consolidar o seu próprio som com imensos concertos e apresentações ao vivo, ‘rodagem’ que lhes permitiu definir aquilo que seria o seu primeiro álbum.

Uma ideia ‘salta’ logo à vista ao ouvirmos este álbum, trata-se de música rock portuguesa pura e dura, carregada de electricidade, sem vírgulas nem parêntesis, até com algumas alusões a sonoridades de bandas que deixaram a sua marca na música nacional.



O disco abre com “Ter Ou Não Ter” (contemplando uma pequena introdução), um tema que demonstra bem quem são os Revolta, com a veia punk bem saliente e com guitarradas corridas, sem pausas e solos curtos. A parte contestatária está lá, numa letra bem conseguida («não esperes mais pelo que possa acontecer...» ouve-se, num apelo à acção).

E a toada segue com o tema-título do álbum, uma faixa que já ameaça ser um clássico, com uma mensagem bastante directa e ‘gritada em voz alta’ pelo vocalista Bruno Alves, em jeito de alerta (começa bem com «Nesta vida nada é fácil... ser banal, ter lucro fácil...»), mas é realmente um tema saltitante e contagiante (e um dos melhores do disco, sem dúvida). Há ainda uma curta ‘passagem’ ska, devido a pequenas experiências ao vivo, que por vezes resultam positivamente e tanto ajudam a consolidar uma música.

“Oh Vida” traz um ritmo diferente, uma letra algo intimista. Instrumentalmente o início faz-nos lembrar os bons tempos dos Rádio Macau, mas é só de forma ligeira, conforme o tema desenvolve. A mensagem é seguramente positiva, até poética.

“As Pessoas” continua com a sintonia rock, as letras do tema são da autoria de António Manuel Ribeiro, daí a não se estranhar um ritmo algo ligado ao 'universo UHF', a acompanhar as palavras...

“Nuclear (Não Obrigado)” é outro momento alto do disco, foi considerado o segundo single em avanço (com rodagem em rádios e escolhido pelo partido ‘Os Verdes’ como banda-sonora de vários eventos). Traz a fúria punk em jeito de revolta, com uma voz gritada e ritmo em velocidade estonteante acompanhado de uma letra convincente. As guitarras cruzam-se com a bateria e atropelam que se mete na frente («a raça humana está a ser cilindrada» ouve-se em alto som).

“Estrela” navega em ritmo balanceado, traz-nos à memória os Xutos & Pontapés embora tenha ‘vida própria’. Uma curiosidade, a música foi composta pelo vocalista/baixista Bruno juntamente com Orlando Cohen (o ex-Censurados chegou a fazer parte dos Porta Voz, banda composta exactamente pelos dois).



“Tu” é o tema seguinte, dominado pela guitarra-baixo e coros acentuados, torna-se algo diferente das faixas anteriores do disco, traz ao cima a veia poética da banda, numa mensagem de amizade e mesmo de alerta...

Logo depois há um tributo aos UHF com “Persona Non Grata”, a tal alusão ao rock português da década de 1980, mas com um toque e balanço bem actual. Originalmente é um dos temas que nos vem facilmente à memória, daí a não ser nada descabido adaptar e reinterpretar a faixa em 2009.

“Bush” é outro tema que agrada facilmente, pela sonoridade, velocidade e óbvia dedicatória ao antigo Presidente dos E.U.A., aqui proclamado como o ‘Rei da Desordem’. Muito boa faixa, tanto ao vivo como em estúdio consegue ‘agarrar’ e 'mexer'...

“Perto De Ti” é um tema mais lento, começa com o Baixo a tomar as rédeas, a bateria a marcar o compasso e a guitarra vai desfilando solos melodiosos, até mesmo melancólicos (tal como o tema em si), de um modo discreto em jeito de adorno. Uma faixa diferente, que traduz uma certa versatilidade da banda.

“Neste Quarto” traz-nos de volta os Xutos, com uma sonoridade rock bem vincada e refrão com coros a preceito.

O álbum termina com “Um Aviso”, que ao vivo torna-se um excelente exercício em jeito de divertimento. Com uma componente surpreendente, coloca o baterista Anselmo a tocar harmónica, o guitarrista António Corte-Real a marcar o ritmo na bateria e Bruno a ‘segurar’ o ritmo no seu baixo. Mais do que uma curiosidade, torna-se um tema extra, um momento diferente que agrada.

A energia que a banda transmite ao vivo foi definitivamente bem captada para conseguirem ter um bom disco, a produção límpida e definida ajuda sempre a distinguir vozes e instrumentos, o que permite que a mensagem flua naturalmente.

E essa ‘mensagem’ está cá toda, só resta o pessoal ouvir para (eventualmente) se deixar envolver pela Revolta deste trio que apesar de formado há pouco tempo, deixa transparecer a experiência de cada um dos elementos no nosso meio musical (António C.R. faz parte dos UHF há uns bons anos, Anselmo foi baterista dos Lulu Blind e Bruno tomou as rédeas dos já citados Porta Voz).

São doze faixas em pouco mais de 35 minutos que proporcionam excelentes momentos, numa mistura de diversão com seriedade, que merece sem dúvida o destaque no Billy News.

Edição AMR Discos/distribuição: Sony

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Grande analise, de um grande cd, de uma grande banda!!!

10:13 da tarde  

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