Marte Ciro no Ritz - fotos e review

No passado dia 25 de Outubro viveu-se momentos verdadeiramente diferentes, por vezes introspectivos, mas também de grande festa, no Ritz Clube em Lisboa.

Já depois da meia-noite e perante uma plateia bem composta, Marte Ciro (antigo baterista de Peste & sida e sempre envolvido em inúmeros projectos) apresentou a sua recente proposta ao público lisboeta, Projecto Ciro.

Os seus temas apresentam uma roupagem rock que facilmente nos remete para uma sonoridade facilmente reconhecível, algo associado ao chamado boom da década de 1980, na música portuguesa.

Apesar dessa alusão, as faixas apresentam uma sonoridade bastante actual, basta referenciar que Marte vocaliza tocando o seu baixo como quem toca uma guitarra distorcida (por vezes, chegou mesmo a soar a Lemmy, dos Motörhead), sendo acompanhado pela sua banda, com (outro) baixo, guitarra e bateria, com músicos bastante competentes.

"Se Não Passa É Porque Não Dá!" é o tema mais conhecido, avançado via net pelo próprio e espelha bem a identidade deste projecto.

Sem medo de correr riscos, por vezes recorre a versões de temas conhecidos, que pelo formato dessas covers, torna-se algo estranho.

Mas que prenderam a atenção de todos os presentes (caso mais flagrante na versão rock do tema "A Desfolhada").

Facilmente previsível foram os momentos que se seguiram, com imensos convidados a juntarem-se à festa.

Desde Zorb (Dalai Lume) e João Pedro Almendra (antigo companheiro de Marte nos Peste e actualmente nos PunkSinatra) com o tema "Furo Na Cabeça" num ritmo bastante acelerado, até ao punk´n`roll dos Anti-Clockwise com o baixista Brr a vocalizar, acompanhado pelos parceiros de banda Tó Pica e JP, a interpretar dois temas.

Há sonoridades heavy metal em palco com Rui Duarte a interpretar um dos temas mais emblemáticos dos Ramp, exactamente "Black Tie" e muita festa em palco (e fora dele).

Para o final, veio um momento que muitos dos presentes esperavam, a subida de João Ribas a palco para interpretar um tema a pedido do próprio, "Enquanto A Noite Cai" dos Xutos, «mas ao ritmo dos Censurados», como referiu prontamente, antes de arrancar.

Logo depois, Marte muda para a bateria para Ribas e companhia interpretarem juntamente com Almendra (o homem mais presente em palco, tirando o próprio Marte) dois temas de Ku De Judas!

E posso-vos garantir, ouvir temas desta mítica banda ao vivo em 2012, num excelente palco e com boas condições a nível sonoro, criou uma sensação única entre os presentes.

"Já Estou Farto" foi cantado em viva voz pelos presentes, a festa subiu de tom e foi fantástico sentir a entrega de Ribas que com largo sorriso, não disfarçava o momento feliz.

Entre os temas, há bocas de Almendra para o público (a reproduzir momentos com mais de 25 anos no saudoso Rock Rendez-Vous), brincadeiras entre os músicos e logo depois arrancam para "Violemos O Presidente" com uma dedicatória especial de Ribas ao presidente Cavaco.

No final, todos estão desgastados, suados mas bastante sorridentes, inclusive Marte que refere «ter estes gajos aqui em palco é incrível...»

Quando tudo parecia acabado, todos os músicos que participaram ao longo da noite sobem apalco para interpretar um dos ´hinos` dos Censurados, faixa que (como tantas outras) se mantém extremamente actual, "É Difícil".

A festa acaba em apoteose, toda a gente (sem excepção) bate palmas e não deu por perdida esta chuvosa noite de 5ª feira (já madrugada de Sexta-feira) que ainda seguiu até tarde, com os mais resistentes a ouvirem faixas da escolha de Nuno Calado, em sessão de DJing.

Nota positiva para este projecto, que se atreve a fazer algo diferente, no panorama actual.

Mais positiva foi a ideia de trazer tantos convidados para adicionar um tempero extra à apresentação dos seus temas e pôr em prática ensaios com tanta gente (mesmo que rápidos, pelo que me constou), para se concretizar em grande, uma noite como esta...

Parabéns, Marte!

(fotos por: João silva)